18 de março de 2012

ressurreição

e de repente, não mais que de repente, senti uma vontade quase incontrolável de ressucitar esse blog. a vontade já existia há meses, mas a coragem, bem. isso são outros quinhentos. mil coisas aconteceram, claro. e minha visão de mundo mudou muito nos últimos meses. o que importa é que, ao que parece, a vida está voltando a ser colorida. e já não era sem tempo, porque eu não aguentava mais aquelas lamentações e crises de ansiedade, e chororôs e tudo o mais. chega disso. agora é sorrisão no rosto, mesmo que seja carão. e não, este não vai mais ser um blog esporádico com um post a cada seis meses. prometo. mas por hoje é só.

21 de setembro de 2011

das reviravoltas

é, pois é, daí que a vida vem cheia de surpresinhas pro meu lado, de novo. eu saí do antigo emprego. saí porque não aguentava mais ser desvalorizada, apesar do meu trabalho ser sempre muito bem feito e eu ser sempre muito elogiada. e elogios não enchem a nossa carteira nem fazem a gente ir feliz pro trabalho, não é mesmo? saí porque recebi uma proposta que me pareceu boa no momento, tamanho o meu desespero pra ir embora. dái que eu fui e me arrependi em seguida, porque não era nada daquilo que eu estava esperando. muitas coisas - boas e ruins - aconteceram desde então. não vou entrar em detalhes, mas o que importa é que eu estou em um emprego novo, uma empresa que eu já namorava há mais de ano e que eu cobiçava descaradamente. tô aqui, feliz da vida, fazendo diversos lanchinhos diariamente e tentando não pensar no que estará acontecendo daqui a seis meses. sim, porque a vida é boa, mas não é perfeita, e meu contrato é temporário, de seis meses. eu, como toda capricorniana metódica e extremamente oganizada, quase surtei nas primeiras semanas de emprego novo, mas agora estou conseguindo lidar melhor com o fato de não saber o que será que será. tenho a maravilhosa sensação de que tudo vai dar certo e que eu serei incrivelmente feliz aqui - por mais de seis meses, mas às vezes a angústia toma conta de mim, como não poderia deixar de ser. e vou vivendo, deixando os dias passarem e esperando alguma surpreendente boa notícia que defina o meu futuro, sendo que o futuro ainda nem chegou.

8 de junho de 2011

da saudade que dói

bateu aquela vontade de escrever, de desabafar, de por tudo pra fora pra não explodir. tudo mudou, muito. pra melhor, em alguns aspectois, pra pior em outros. eu sou uma pessoa completamente diferente da que eu era seis meses atrás. mais independente, mais dona do nariz, mais aberta aos desafios e às consequencias dos desafios. mas toda mudança exige escolhas e algumas coisas precisam ficar pra trás pra dar lugar a outras. e o peito às vezes fica assim: pequenininho. não sei se é porque eu fui morar no outro lado da cidade, ou porque não tenho bichos no apartamento pra me fazer companhia, ou porque todo mundo se sente assim mesmo depois de sair de casa e tomar o próprio rumo, mas às vezes me dá uma saudade tão grande. e às vezes eu me sinto tão filha da puta pela dor que eu faço algumas pessoas sentirem. claro que não é intencional, e a vida é assim mesmo e todo mundo tem que se adaptar, mas de vez em quando eu choro rios de lágrimas, simplesmente por saber que deixei minha família pra trás, que não os vejo todos os dias e que eles sentem a minha falta. eu não sou dona do mundo e as dores dos outros não são minha culpa, mas cara, como eu odeio me sentir impotente. a saudade vai existir. vai doer bastante, em alguns momentos, e a gente precisa aprender a lidar com isso. nem sempre é fácil, mas eu continuo tentando. aprendendo um pouquinho a cada dia, e vivendo, cada dia mais.

12 de outubro de 2010

da inveja e do deboche

eu odeio sentir inveja. sério, odeio mesmo, mas não posso me fazer de santa, como tanta gente que eu conheço faz, e fingir que eu só tenho sentimentos bons e puros. tsc tsc tsc. sinto inveja às vezes, infelizmente, e nem é da branca. é uma merda ver que as pessoas conseguem o que eu quero e eu não. sou qualificada, sou inteligente, sou gente boa, mas porra, porque não tá rolando? não sei quanto esforço a pessoa fez pra estar ali, é verdade. mas cara, essa coisa de 'tudo acontece na hora certa' às vezes me dá uma tremenda agonia. eu seguro o tranco, juro. eu meto a cara, não tô nem aí. e vim aqui escrever pra ver se esse sentimento horroroso vai embora logo. acho que está funcionando. tô pensando em quantos nãos a pessoa também deve ter ouvido até conseguir um sim. ou não.

3 de agosto de 2010

da rapidez que demora

a verdade é que a gente acostuma meio que rápido demais. nos três primeiros meses era uma dor sem tamanho, que piorava a cada dia. não é exagero. a cada abrir de olhos a ferida ardia mais, como se jogassem álcool nela a cada cinco minutos. depois fica dolorido. a gente chora. eu chorei. a cada velhinho, a cada bengala, a cada lembrança do hospital das Clínicas. chorava no meio da rua, com as pessoas me olhando como se eu fosse um ET. depois melhora. nos últimos dois meses eu não lembrei da morte dele no dia 25. depois me senti culpada, quis chorar por isso. não entrei mais no quarto, nem quero que ninguém entre. ainda não tirei a escova de dentes dele do armário do banheiro. nem abro aquele armário. é dele. vai ser sempre dele. a vida vai entrando nos eixos. o buraco continua lá, mas a gente tenta não dar tanta atenção, finge que as outras coisas são mais importantes e, no fim das contas, a gente acaba se convencendo de que são mesmo. olho pra foto, pra última foto dele realmente saudável. foi no casamento da minha irmã. ele estava bonito, corpulento, feliz da vida. comeu horrores na festa. bebeu, brincou, sorriu. três dias depois eu o encontrei caído e gelado no quintal. achei que ele ia morrer, mas dois anos se passaram até que ele fosse embora de fato. dois anos de internações extensas, tranfusões de sangue, exames crueis e algumas visitas no prédio amarelo, perto da Rebouças. quanta dor dele. se a minha dói, a dele é incomparável. acho que outro dia sonhei com ele. estávamos sérios, os dois. só nos olhamos. não era raiva, era só a normalidade. sem medo, sem culpa e sem saudade. hoje eu ainda sinto tudo isso. e a tendência é que a normalidade, daqui a pouco, seja isso.

17 de março de 2010

sem ele

eu nunca imaginei como alguém se sente depois de uma perda. na verdade, nem é possível imaginar sem passar por isso. eu pensei que não ficaria tão abalada, que a vida seguiria, como todo mundo fala que acontece, mas a vida muda. eu mudei, muito. metade das coisas que eu conheço perderam completamente o sentido. eu estou retraída, tentando me esconder do mundo e da dor que eu sinto latejar o tempo todo. como se fosse possível. me afastei um pouco da vida depois da morte. fico quietinha no meu cant,o tentando entender como as coisas acontecem. de um dia pro outro tudo está diferente. o mais estranho é pensar que em um mundo com centenas de milhares de pessoas, uma faz falta. uma falta enorme, inexplicável. um espaço vazio faz mudar o mundo inteiro de alguém. e eu não sei, sinceramente, se eu vou me acostumar com isso algum dia. todo mundo diz que sim, mas eu acho que não.

6 de março de 2010

adeus você

eu nunca imaginei que me sentiria assim. pra falar a verdade, eu sempre pensei - e penso - muito na morte, mas quando acontece não parece uma coisa real. desde pequena eu imagino como seria perder os meus entes queridos. dái eu choro, sofro, desisto de pensar e pronto, fica tudo bem. agora é diferente de tudo, ainda mais por ser ele. minha relação com o meu avô não é algo que eu possa explicar. ele era completamente diferente de mim no modo de agir. pelo menos eu achava isso quando ele estava vivo. ele fez umas besteiras, magoou umas pessoas de quem eu gostava, e isso sempre mexeu muito comigo. morávamos na mesma casa, mas ele era o mais distante. preferia os outros, os puxa-sacos, os que sempre tinham uma segunda intenção quando davam carinho. aí ele adoeceu. ai eu comecei a acordar toda madrugada pra ver como ele estava, pra ajudar, pra acalmar. nossa relação ficou intensa, até cansativa, se é que eu posso chamar assim. mas ainda distante. eu me culpei muito quando ele foi embora. ainda me culpo, talvez por ser tudo muito recente. o passado não é mutável, mas algumas coisas a gente começa a entender com o passar dos dias. eu tive os meus motivos. ele me deu motivos. por mais que eu tenha sido injusta em alguns momentos, eu fui  melhor neta que eu pude ser. a mais preocupada, a mais presente, a que mais esteve perto. e eu o amei muito. um amor diferente do que o que eu sinto pelas outras pessoas. um amor que ficou um tempão escondido, que às vezes se mostrava sob uma capa protetora e que se mostrou completamente quando eu tive que ir embora do cemitério e deixar ele lá sozinho. os outros netos nunca souberam que ele tinha medo de escuro e dormia com a luz acesa. os outros netos não sabem que tipo de música ele ficava ouvindo mil vezes sem parar. os outros netos não sabiam que ele gemia enquanto dormia. os outros netos não sabiam de nada. e eu não vou esquecer nunca tudo o que eu sei a respeito dele. e ainda que tudo continue estranho, acho que ficaremos mais próximos agora, que as palavras são completamente desnecessárias pra que a gente esteja junto um do outro.

26 de novembro de 2009

é, acabou

parece que eu estava carregando um fardo, que era tão pesado que continua pesando. como quando a gente espera muito tempo pra fazer xixi, faz, e continua com aquela dor de bexiga cheia. amizades acabam. relações, namoros, até casamentos acabam. o tempo passa e um dia a gente vê que o que um dia achamos fundamental não existe mais. pode me chamar de grossa e arrogante, eu não ligo. prefiro ser isso e ainda assim sincera. infantilidade nunca foi o meu forte. amizade não se compra. não se vende. não se cobra. ou é, ou não é. e parece que não era. eu confundi as coisas uma vez, mas não o fiz por três anos. já chega. o meu almoço quem decide sou eu. ninguém me diz o que fazer ou como gastar o dinheiro que eu trabalho pra ganhar. não devo satisfação sobre o que faço ou deixo de fazer. me sugou demais. me usou, até, acho que posso usar esse termo. já decidi há tempos, mas é chegada a hora de colocar a coisa toda em prática e andar com as minhas próprias pernas. eu sou capaz, todo mundo sabe. sou boa e competente, mas acho que deixei de ser tão paciente. três anos é muito tempo, cansa. não achei que precisasse chegar às vias de fato, mas me senti obrigada. estava perdendo o ar, quase sufocada. chega de tanta arrogância, de gente que tem certeza que o mundo gira ao redor do próprio umbigo, que tudo que acontece no  mundo tem relação direta com a inveja e o ódio que todo mundo sente dela, a injustiçada. eu posso atrair as pessoas por mim mesma e você vai ver isso muito em breve. ou não, não estou nem ai. cega e vaidosa? pode ser, mas agora estou livre, o que conta muito. a gente cresce, aprende e vê que os iguais se atraem. e não, eu não sou igual a isso. sou astral, do bem e corro atrás do que eu quero todo dia, o dia inteiro. então, quem cuida da minha vida sou eu, ok? agradecida. arrume um gatinho, que tem sete vidinhas. dois cachorros não estão dando conta.

11 de novembro de 2009

da vaidade

comecei a ficar vaidosa aos 25. sim, este ano. quando pequena eu era um molequinho. minha mãe implorava pra eu passar "um batonzinho" ou pintar a unha com um "esmalte bem clarinho". eu corria, como o diabo foge da cruz. acho que eu queria me esconder. ou me mostrar forte. porque sim, eu era - e ainda sou, embora às vezes esqueça - muito forte. precisava mostrar pra todo mundo, do alto dos meus sete ou oito anos, que naquele corpinho não tinha delicadeza. não queria ser vista como uma menininha boba como aquelas da escola, que não tinham opinião e nem nada a ver comigo. eu sempre soube o que quis, desde pirralha. durante a adolescência eu me escondia atrás de roupas largas e feias. precisava passar despercebida. queria que aquele turbilhão todo acabasse sem que ninguém me tivesse notado. era um pesadelo. a vida era o meu pesadelo. tudo era doloroso e sacrificante. sem falar que até quase os 20 eu era uma completa bocó. sabia nada, queria tudo. agora, aos 25, tô praticamente uma mocinha. ainda não comprei creminho contra rugas, mas tô quase lá. há um mês me matriculei na academia e ando saltitando de orgulho quando lembro que minha perna tá ficando dura. ando usando creme para os pés e esfoliante e vou, em breve, fazer um cursinho de maquiagem. o tempo. o tempo faz milagres, né? descobri muito dos 20 até aqui, e vou descobrir mais, com certeza. o mais importante é ver que eu não preciso - e nem quero - me esconder de mais ninguém e, principalmente, e deixo aqui a dica, descobri que cala a boca já morreu. e vem pra cima que eu tô louca pra descobrir mais coisas.

16 de outubro de 2009

voltei de novo

é. já estava pensando sobre há um tempo e cá estou, pra desafogar. durante um bom tempo eu fiquei cansada, achando que não existia mais lugar pras palavras escritas. eu estava errada. o twitter me ajuda muito a não vomitar grosserias nas pessoas. sério. se eu não pudesse desabafar ali vez ou outra, acho que teria consequencias sérias. os meus dois blogues anteriores foram válvulas de escape importantes. me abrigaram, me deram confiança pra seguir em frente e me deram amigos. nunca imaginei que seria uma daquelas nerds que faz amigos pela internet. fui. sou. e não vejo nada de errado nisso.
depois de uma fase pesada, resolvi parar. achei que escrever não estava mais resolvendo, que eu teria que viver tudo, por pior que fosse, sozinha, sem opiniões ou comentários ou exposição demais. me joguei na vida e fui até onde eu não sabia se conseguiria voltar. pouca gente sabe o que eu passei. e não acho que devam. era um momento meu, que definiria as minhas escolhas pro resto da vida dali pra frente. foi bom, libertador e decisivo. agora eu tô procurando espaço pras palavras outra vez. às vezes elas são desnecessárias. quase sempre, eu diria. às vezes eu falo demais e machuco as pessoas e me machuco e estrago tudo. às vezes eu perco tempo falando coisas que eu poderia demonstrar com muito mais precisão e delicadeza. às vezes eu quero gritar coisas horríveis pro mundo. às vezes eu calo e acho que é pra sempre. dá pra equilibrar. aquele fundo de poço me mostrou que dá. tem que ter cuidado. tem que ter uma leveza que eu demorei pra descobrir, mas tá lá. venho aqui pra desafogar. não sei se sempre, se todo dia, se de vez em nunca. quando der. quando eu achar que vai ser bom. quando eu perceber que é o melhor jeito.
*esse é o tipo da coisa que não daria pra usar a voz. só as letras escritas compreendem.